segunda-feira, 30 de maio de 2011

Mera Poeira de Estrelas

Olhar para o alto é deparar-se com o infinito! É perceber o quanto, em meio ao Cosmo, nada somos.

As estrelas são a síntese disso! São musas naturais daqueles que se perdem em versos na tentativa de se encontrar. Companheiras fieis dos sonhadores, solitários e deslumbrados com esse mundo louco, que invariavelmente temos que lidar. 

Elas podem até não nos ouvir. Mas há algo que nos aproxima do corpo celeste mais distante do universo, podendo ser um conforto ou desespero, dependendo do ponto de vista. 

Estou nessa fase de decisão. Em pouco tempo, algumas das minhas estrelas se foram, partiram para o desconhecido, retornaram para o seu local de origem, talvez!

Uma lei que permeia cada elemento do universo: nascer, crescer e morrer. Mas que não faz o menor sentido quando, através dela, seu pai e sua avó-mãe se vão para não mais voltar. 

Como assim? Ontem ele estava ali... contando piadas, brigando para eu sair do computador “pois isso já está se tornando um vício”. Ensinando-me a nadar, a andar de bicicleta, afagando os meus cabelos enquanto eu estava deitado...

Ela não faz menos falta! Ensinou-me “as horas” como num passe de mágica. A fazer chapéu, barco e balão de papel. A seguir em frente apesar de todas as adversidades...

E – com o melhor beijo de boa noite de todos– era ela, somente ela, que trazia aquela sensação de plenitude que embalou alguns dos meus melhores sonos. 

Sonos esses agora confusos, embalados com doses de nostalgia e reflexão.

Será que fui o filho/neto que eles tanto mereciam? Poderia ter feito mais? Receio que sim. Mas, como se sabe, “o sono da razão produz monstros”. De que adianta esse questionamento agora?

De nada adianta. De nada adiantou. Eu errei, eles erraram. Eu acertei, eles acertaram. No fim, cada um só dá aquilo que tem. E ninguém tem culpa de nada. Acho que estou repetindo isso, baixinho, para mim mesmo. 

Queria ter feito mais e melhor!

Passou. Mas restam as lembranças boas, o exemplo de caráter, a marca de toda uma vida juntos. E, por que não, a esperança de um reencontro!

Um agnóstico/cético também pode crer nisso! Os cientistas afirmam: somos poeira de estrelas.

E é nessa magia de nuances poéticos que se encontra o meu alento. Isso porque, há muitos e muitos anos, uma grande estrela explodiu no universo, dispensando um material importante para a criação do Sol, da Terra (e de outros planetas) e da vida em toda sua plenitude.

Somos mera poeira de estrelas! Seres feitos de átomos produzidos dentro das espetaculares Supernovas. Carl Sagan tinha toda razão: somos poeira estelar, parte integrante deste Universo maravilhoso. 

Ou melhor: nós somos o próprio Cosmo. Somos tudo o que sempre existiu e sempre existirá, porque o “nada”, bom... esse jamais existiu.

Meu pai e minha avó não morreram. Nem nasceram! Eles sempre estiveram por aqui – assim como todos nós. 

Tudo em constante transformação. É a lei! 

Ontem estrela, hoje humano, amanhã estrela novamente... e assim vai...

Que as minhas estrelinhas brilhem em felicidade para sempre! E – quando chegar a hora de eu me transformar – sei que estarei junto delas, porque toda a minha energia está voltada para as pessoas que eu amo.


Somos um só.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Como cacos de vidro

É clichê, mas sinto meu coração despedaçado... como um copo que é arremessado ao chão. Agora, cacos de vidro. Nada mais.

E eu que pensei, ó quanta inocência, que ele era o anfitrião. Será mesmo? Não!

Mas tudo são detalhes... Detalhes dignos de Amélie Poulain: o poupar do inseto, o filho que ele tanto quer ter, os livros e o sol... vai nascer? Talvez não, apesar da minha imensa vontade de ver.

São semelhanças que geram proximidade. Diferenças que se anulam porque complementam o outro. Cinderela, A Bela Adormecida! Contos que existem na vida real... mas é preciso querer ver.

E se a Bela não deseja acordar? E se Cinderela recusa o pedido? É um clássico que pode ser interrompido!

Só porque está diferente? Não, não faz sentido.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Trilogia da Felicidade

Plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro!

A sabedoria popular tem seu valor. Não acho que esses "objetivos-clichês" sejam unânimes, muito menos garantia de felicidade eterna. Mas para mim, que creio na alegria a partir das coisas simples da vida, são românticos e valem muito a pena.

Fico feliz que tenha realizado ao menos um deles... :)

Compartilho com vocês a crônica "Cidade do Interior tem dessas Coisas". Ela faz parte do livro "Um Olhar Sobre Indaiatuba II"*, uma coleção de crônicas da cidade de Indaiatuba. É singelo e ainda não é o livro completo que ainda hei de escrever, mas já me deixou bem orgulhoso.

Espero que gostem ;):


CIDADE DO INTERIOR TEM DESSAS COISAS


A fofoca corre solta, os fatos são compartilhados, as opções são limitadas! Cresci numa cidade do interior, Indaiatuba, e sempre pensei dessa forma. Até ontem, quando encontrei...

... um amigo no Parque Ecológico! Rafael é um amigo de longa data. Crescemos juntos, estudamos no Fundamental, separamos no Médio. Garoto intrépido, sagaz, um tanto maluco também. Vê-lo era como rever meu passado de tantas travessuras e leviandades. Éramos, de fato, o retrato nítido da obra de Ziraldo: meninos totalmente maluquinhos. Não mais, aliás, agora éramos homens, com barba e tudo, mas eternas crianças na alma.

Abraçamo-nos forte! Senti seu carinho, seu calor, sua amizade! Apesar do tempo passado, ainda sentia que a essência da nossa amizade era a mesma: compartilhávamos tudo, literalmente. O Rafa havia ido para a cidade grande, uma capital. Tirou a sorte grande, aliás. Com toda certeza, sua vida havia se tornado mais sublime, arriscada, desafiada. Pelo menos era o que eu pensava...

Naquele dia eu estava péssimo! De fato, perturbado, cansado ou, para ser mais explícito ainda, cansado de Indaiatuba. Fui logo desabafando:

"Tudo está na mesma! Estagnado, sem emoção. As pessoas continuam cuidando uma da vida das outras. Sabe como é o interior, né?".

Foi quando, para minha surpresa, ele discordou. Descreveu-me tudo o que passara na cidade grande, o quanto a vida era estressante, o trânsito tumultuado, seus vizinhos igualmente fofoqueiros e a falta que Indaiatuba fizera nesse tempo todo. Pensei: "mas como?". Foi quando ele me deu uma verdadeira lição:

"Cara, às vezes temos tudo o que precisamos perto da gente e não damos o devido valor! Minha história está nesta cidade, minhas referências estão em cada esquina, viela, avenida, alameda".

Suas palavras tiveram o efeito de um colírio e desembaraçaram meu olhos: "Como pude ser tão ingrato com Indaiatuba?". No mesmo momento, lembrei-me de nossa infância juntos, das travessuras e leviandades, tudo tão intimamente ligado à nossa cidade.

Nossas famílias eram amigas e frequentavam juntas a missa, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Candelária. Sim, aquela linda igreja tão profundamente ligada às origens de Indaiatuba. Não gostávamos do sermão, mas adorávamos as brincadeiras que nasciam junto a outras crianças que, assim como nós, não tinham a menor paciência para aquilo tudo. Ao contrário, as ruas adjacentes à Igreja eram palco de verdadeiro pecado, zombaria e manifesto dos mais cabeludos palavrões. Todos proferidos com a mais inocente das intenções, claro. Às vezes fazíamos amigos por lá mesmo e ao entardecer abusávamos de nossa persuasão angelical, insistindo para que nossos pais nos levassem ao shopping, à Praça da Liberdade, ao mesmo Parque Ecológico que agora eu reencontrava o Rafa. A escolha do local dependia muito do humor da molecada. No caso da minha, do Rafa e de nossos companheiros de farra. Era doce a infância em Indaiá...

... e só pude notar isso agora! Aliás, não só a infância era doce, a adolescência e suas descobertas tiveram seu ápice por aqui, e a fase adulta vem se mostrando iluminada. Sabemos, Indaiatuba vem crescendo de forma acelerada, com uma oferta de oportunidades incrível. Então, por que eu não percebia tudo isso?

Deslumbramento, puro deslumbramento! Nas viagens conhecemos os lugares e nos encantamos com eles, mas percebemos apenas pequenos fragmentos dos costumes, prós e contras do local, pois nada substitui uma experiência prolongada. Também temos a tendência em valorizar tudo o que não nos pertence ou não faz parte de nossa cultura, enquanto vangloriamos as questões externas. Precisamos aprender a sentir o que há de bom ao nosso redor...

... e Indaiatuba é repleta de belezas e predicados positivos! As praças são preservadas, as ruas são limpas e em sua maioria asfaltadas, o clima é agradável, o Parque Ecológico um convite à vida saudável e o Bosque do Saber ao aprendizado. Quando falamos em crescimento, Indaiatuba também não fica atrás: nosso parque industrial cresce a cada dia, nossa taxa de desemprego é pequena, nossa localização com relação a Campinas e São Paulo nos privilegia.

Esta é a minha Indaiatuba: "A CIDADE DO SOL"! Um sol forte e vibrante, capaz de preencher tristezas e encher o coração de cada indaiatubano de inspiração, pois, apesar do crescimento frenético da cidade, ainda preservamos hábitos simples e importantes. Que vão desde sentar em frente ao portão para um papo descontraído com o vizinho, até levar os filhos à praça sem medo da violência. É... esta é a Indaiatuba que meus olhos turvos não viam...

... uma cidade que não é perfeita, AINDA!

* "Um Olhar Sobre Indaiatuba II" foi publicado em 2008 pela Fundação Pró-Memória de Indaiatuba.

domingo, 11 de abril de 2010

Cortina do Silêncio

Chorar faz bem à saúde! Traz alívio, paz, calma... É ele, o choro desesperado ou mesmo contido, por vezes escondido, que te salva daquela situação que você não pode, não quer ou não tem forças para lidar. O choro acalma! É um grito de “chega”, de “não agüento mais”, de “basta”. Quando verdadeiro, é o momento em que deixamos claro quem realmente somos, nos despindo de qualquer “armadura” ou personagem. É por isso que, ao ver alguém chorar, até a mais forte das criaturas se comove, oferecendo um abraço, um “colinho”, um “vem cá que as coisas não são bem assim”. Chorar, além de um santo remédio, une as pessoas.

Eu não choro! E sempre foi assim. Não me refiro ao sentido literal da frase, obviamente, mas são tão raras as situações em que isso acontece... No fim, ao invés da sensação de alívio provocada pelo choro, eu tenho a sensação de acúmulo. O acúmulo de carências, medos, perdas, conquistas, anseios... Além disso, se você não chora, esqueça aquela parte do “colinho” que me referi. Não precisa disso! Se não chorou é porque não está sofrendo. Pare de exagerar!

Ledo engano. Uma pessoa calada, ou mesmo expansiva, pode estar sofrendo até mais do que aquela conhecida por chorar com um comercial de margarina. Parece óbvio, mas nem sempre procuramos saber o que há por trás da cortina do silêncio.

Entre os panos da cortina do meu silêncio, há um menino que só quer ser abraçado.

Ele chora. Poucos ouvem!

domingo, 28 de junho de 2009

Um Peter Pan Diferente



Peter Pan, clássico consagrado da Walt Disney, conta a história de um garoto corajoso, mas que se recusava a virar adulto. Por isso, vivia em outra dimensão, na Terra do Nunca, um lugar mágico onde só havia espaço para as brincadeiras, inocência e sonhos. A vida de Peter, o eterno menino, tinha uma dose diária de aventura, com obstáculos constantes, sempre impostos por seu arquiinimigo, o capitão-gancho. Apesar de batalhas ferozes e arriscadas, tudo, no fim, sempre tinha um desfecho feliz: Peter vencia, salvava seus amigos e voltava à sua Terra, aquela, a do Nunca, onde nunca, jamais, uma criança seria outra coisa senão apenas criança; longe de trabalho ou maus-tratos, físicos ou psicológicos. Uma linda história, sem dúvida, um clássico sem igual, mas que só existe no imaginário, nas fitas antigas ou nos DVDs que resgatam a lenda. Michael Jackson, menino que também não queria crescer, sabia bem disso...

Michael Joe Jackson nasceu em 29 de agosto de 1958, em Gary, no estado de Indiana (EUA). Tinha nove irmãos, mas foi com quatro que, aos 5 anos de idade, compôs o Jackson Five; Jackie, Tito, Marlon e Randy, se lançando ao estrelato. Seu pai, Joseph Jackson, responsável pela formação, havia participado de grupos musicais desconhecidos no passado. O Jackson Five, que depois se tornaria Os Jacksons, estourou com a música "My Girl", tornando-se um fenômeno em pouquíssimo tempo.

Apesar do talento dos irmãos, Michael estava em maior evidência. Sua voz, presença de palco e carisma haviam conquistado a todos. Quase todos. Seu pai, talvez no âmago de sua frustração com o passado, lhe agredia física e psicologicamente. "Ele partia para cima da gente. Ficávamos muito nervosos nos ensaios porque ele ficava sentado numa cadeira, com o cinto na mão, e se alguma coisa não saia direito ele vinha para cima, sem dó", disse em entrevista à Oprah.

Em 1978, após 13 anos com seus irmãos, o inevitável finalmente acontece: Michael sai em carreira solo. Seu primeiro CD, "Of The Wall”, misturava dance, rock, baladas românticas e funk. O sucesso foi grande, mas foi em 1992, com "Thriller", que o ápice de sua criatividade e a consolidação de sua carreira acontece. O carro-chefe do CD, de mesmo nome, vem embalado por um clipe inovador e de custos "colossais". O resultado não poderia ser outro: Thriller é o CD de maior vendagem de todos os tempos; foram 80 milhões de cópias no mundo.

Após o grande sucesso, veio "Victory", último CD com os irmãos Jacksons, e que triunfou com a música "We Are The World"; gravada em parceria com diversos artistas em prol do povo africano.

Sucesso conquistado, Michael resolve aflorar o "Peter" dentro de si, comprando um rancho na Califórnia com parque de diversões e um minizoológico. Para ele, o nome mais apropriado: Neverland, A Terra do Nunca. Em meio ao resgate da infância, surgem os questionamentos sobre cirurgias plásticas e mudanças na cor de sua pele; este último, atribuído pelo cantor ao vitiligo.

"Quem é mal?", diz Michael na faixa-título do CD "Bad", lançado em 1987. Paradoxalmente, a mídia o fazia questionamentos semelhantes.

Nos anos seguintes, o lançamento de um novo CD, "Dangeours", e a acusação de abuso sexual a um menino de 13 anos, em seu rancho. Após um acordo financeiro com a família, o caso é arquivado. Em tese, dinheiro em troca da dor de um filho! Alguém, que realmente diz a verdade, o aceitaria?

A imagem do cantor, a partir disso, nunca mais foi a mesma. Lançou outros CDs, como "History" e "Invincible", em 2001; o último, considerado fraco e abafado pelas polêmicas. De fato, o casamento e divórcio relâmpagos, os filhos de maternidade duvidosa e os comportamentos excêntricos deram lugar as manchetes.

Em 2003, mais uma acusação de pedofilia e, coincidentemente (ou não), logo após a exibição de um documentário de repercussão negativa sobre o cantor. Começava, aí, o julgamento do "Reio do Pop". No Brasil, a própria Rede Globo criou um quadro especial sobre o assunto.

Finalmente em 2005, Michael Jackson é absolvido por unanimidade. Fim do pesadelo? Não! Os meios de comunicação, nacionais e internacionais, demonstraram claramente seu descontentamento com o veredicto, e a população, não imune a seus efeitos e com "pré-conceitos" parecidos, seguiu o mesmo caminho. Afinal, era óbvio que um "cara esquisitão", "branco-negro" seria também um pedófilo, correto? Até porque as aparências jamais enganam; é assim o ditado, não é mesmo?

Peter Pan, aquele do clássico da Disney, ficaria muito triste com o desfecho dessa história. Ele viveu com intensidade o "ser criança"; em beleza, prosa e poesia. Michael, um "Peter Pan Diferente", tentou fazer o mesmo, no tempo em que a vida possibilitou. Conseguiu, em partes, com a criação de dezenas de instituições voltadas às crianças, mas não em outras, essenciais. Sim, talvez ele fosse culpado de tudo. Talvez, inocente! O problema é que se esqueceram do "talvez". Agora, quem sabe, ele tenha encontrado a verdadeira Terra do Nunca; aquela, a do Desenho, mais justa e eterna!



Michael Jackson - "Ben" (legendas em português)

Para mim, Michael sempre demonstrou excentricidade, mas também essa doçura, bondade e meiguice. Um "Rei" sim, mas com humildade e que, creio eu, seria incapaz de fazer certas maldades. Ele deu shows de diversos tipos em sua vida, mas o maior deles estava na genialidade e presença de sua música.

Morre o ser humano, nasce o ícone Michael Jackson!